Acrônimo deve receber informações da Lava Jato

Informações do ex-diretor de Crédito e Exportação da Odebrecht João Carlos Mariz Nogueira, em delação premiada no âmbito da Lava Jato, deverão ser compartilhadas com outra importante operação em curso no país, a Acrônimo.

Segundo o Blog apurou, isso é um movimento que poderá se tornar cada vez mais frequente: a Lava Jato ampliou suas investigações até determinado ponto que já começa a colaborar com outras apurações no Ministério Público Federal.

Em qualquer caso de compartilhamento é necessário, contudo, a homologação da delação e depois a autorização do magistrado relator para que os dados possam ser divididos.

Responsável pela busca de financiamento para a Odebrceht junto ao BNDES durante alguns anos, Mariz Nogueira é investigado em algumas frentes por procuradores da República.

Uma delas é a suspeita de participação em suposto esquema de lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais e recebimento de vantagens indevidas por parte de agentes públicos, investigado na Acrônimo.

A Polícia Federal e o Ministério Público suspeitam que Mariz esteja envolvido em pagamentos indevidos ao governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, em troca de benefícios recebidos do banco para investimentos no exterior.

Reportagem da revista “Época” em maio do ano passado já mostrava indícios levantados por investigadores após a descoberta de troca de mensagens entre Mariz Nogueira e Benedito de Oliveira Neto, o Bené, apontado como operador de Pimentel, que se tornou delator do esquema de corrupção.

As investigações dizem respeito ao período em que Pimentel esteve à frente do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, pasta sob a qual o BNDES está subordinado. De acordo com a revista, relatórios da PF trouxerem indícios de pagamento de propina em dois contratos do BNDES com a Odebrecht para obras na Argentina e em Moçambique.

Mariz Nogueira já foi defendido pelo advogado Nélio Machado, que deixou o posto. Procurado, o  criminalista que assumiu o caso do executivo, Guilherme San Juan, afirmou que não iria se manifestar sobre o assunto relacionado à delação. O advogado Guilherme San Juan é defensor de Milton Schahin, que recentemente também fechou colaboração com a Lava Jato.

Ao Blog, o advogado de Fernando Pimentel, Eugênio Pacelli, afirmou ter entrado com um recurso na Justiça pedindo a nulidade da Acrônimo e negou qualquer acusação vinda de delatores que “têm o único objetivo de escapar da cadeia”. “Provavelmente, trata-se de mais uma manobra de colaboradores”, enfatizou.